Levantamento feito por universidade norte-americana apontou que entre 1982 e 2016, houve menos desmate dentro das áreas demarcadas que fora delas.


Houve menos desmatamento dentro de territórios indígenas que em áreas não demarcadas da floresta Amazônica, aponta um estudo publicado nesta terça-feira (11) pela revista "Proceedings of the National Academy of Sciences". 


Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, analisaram imagens feitas por satélites durante mais de 30 anos. Segundo o artigo "Collective property rights reduce deforestation in the Brazilian Amazon", áreas não demarcadas foram as que mais sofreram com o desmate.


"Nossa pesquisa mostra que os direitos de propriedade têm implicações para a capacidade dos povos indígenas de conter o desmatamento em seus territórios", escreveu Kathryn Baragwanath, uma das autoras. 


Entre 1982 e 2016, os cientistas registraram uma "diminuição significativa" nas taxas de floresta derrubada nas propriedades indígenas. Territórios demarcados tiveram uma redução de 66%, em média, no desmatamento.




Nesta comparação (veja a imagem acima), em vermelho estão destacadas as áreas desmatadas em 1985, 1995, 2005 e 2015. Quando mais escuro, maior a porcentagem de floresta derrubada. Já em amarelo, estão as reservas indígenas com "plenos direitos". 


Os pesquisadores defenderam que a demarcação de terras pode ser uma estratégia viável para o combate ao desmatamento ilegal. Além disso, eles opinaram que a preservação da floresta pelos povos originários pode ter "um impacto positivo" na mitigação das mudanças climáticas.


O desmatamento atingiu 115 terras indígenas em 2019. Os dados são do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 


Foram destruídos 42.679 hectares em 2019, quase duas vezes o tamanho da cidade do Recife, 80% a mais na comparação com o ano anterior. A situação é ainda pior quando se analisa as terras com registros dos chamados povos isolados – estudo destaca que, nessas áreas, o desmatamento em 2019 mais que dobrou em relação a 2018.